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15.7.15

Uma câmera na mochila e um passaporte na mão


Eu sou a Sally, uma pessoa que, por um acaso feliz, conheceu a Ana em uma viagem e nunca mais conseguiu ficar sem ela na vida.

Fui convidada para escrever pra vocês enquanto ela viaja e olha só que coincidência: acabo de chegar de uma!
Pensando no que compartilhar com vocês, percebi que poderia falar de duas coisas que tenho em comum com a Ana: fotografia e viagem!

Não, não quero dar dicas de como fotografar melhor durante uma viagem nem nada do tipo. Eu quero compartilhar algo que venha do meu coração, e não da minha cabeça. Quero falar de experiências, de bagagem emocional e de memórias!

Há muito tempo eu andava angustiada por aí e, aparentemente, eu só tinha motivos para estar bem. Estava trabalhando na filial de uma empresa conhecida mundialmente, estava noiva do grande amor da minha vida e tinha acabado de conquistar sonhos de consumo que nunca havia imaginado.

Um desses sonhos de consumo era uma câmera fotográfica que me atendesse melhor como fotógrafa. Eu consegui, mas mesmo assim faltava algo. Faltava fotografar para mim, e não para os outros. Faltava viver um pouco para mim, e não para uma empresa. Eu estava me sentindo encurralada pelo clichê da vida que a maioria das pessoas vai levando na maior tranquilidade.

Eu gostaria de continuar dizendo que larguei tudo e simplesmente fui viajar, mas nada acontece de repente e nem cai do céu!
Eu não larguei o trabalho formal. Ele que me largou. Eu não parei de fotografar para os outros, problemas de saúde me fizeram parar e por aí vai.

A gente nunca entende de cara o porquê de muita coisa. Mas o tempo passa e nos mostra que tudo acontece para que a gente esteja aqui, agora e exatamente da forma como nos transformamos até aqui. E foi assim que eu olhei abig picture e me vi recém-casada, com uma câmera na mochila e um passaporte na mão.




Nessa hora passou um filme na minha cabeça e bateu um frio na barriga enquanto eu tentava criar coragem para sair do meu país para um outro onde não conhecia ninguém e não teria pai e a mãe lá por mim. Ninguém estaria lá por mim.

E foi aí que eu entrei em um avião onde lá mesmo já não falavam a minha língua, onde, a cada segundo, eu ficava mais e mais longe de casa. Mas sabe o exato momento quando comecei a mudar? A partir do instante em que pisei em solo desconhecido, que vi coisas que nunca havia visto, experimentado uma água diferente e comidas inimagináveis. Foi a partir do momento em que as lentes da minha câmera conseguiram enxergar paisagens de tirar o fôlego e elas foram, num passe de mágica, eternizadas em um cartão de memória ou filme analógico. Pra sempre.

Lá se foi metade de um mês vivenciando uma cultura tão diferente da minha e, no final das contas, eu voltei cheia daquilo que me faltava tanto e que descrevi no início desse texto. Eu descobri que há um bem mais valioso de se carregar do que qualquer bem material que posso acumular em uma vida clichê.


Descobri que a minha casa é para onde meus pés vão e que "lar" sempre será uma pessoa, não um lugar.
Descobri que há tanto o que se ver, o que sentir e o que registrar, que consegui entender o porquê de ver tantos outros, da nossa geração, colocando uma câmera na mochila e indo aumentar sua bagagem de vida pelo mundo a fora.

Era simples o que eu tinha para compartilhar, mas veio do fundo do meu coração. talvez eu tenha ajudando a alguém que está passando exatamente pelo que eu passei e é isso que eu espero, de verdade!



Um beijo para os leitores queridos do Bolas de Meia e um beijão com abraços para a Aninha! Espero que você volte com tanta bagagem de vida e com tantas fotos lotando o cartão de memória. Isso significa que tudo ocorreu bem e da maneira que precisava ocorrer.

Até a próxima! Tchauzinho!


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